sábado, 11 de fevereiro de 2017

O Caso Roswell O incidente

No dia 8 de julho de 1947, em Roswell (Novo México, Estados Unidos) o jornalRoswell Daily Record publicou em primeira página a notícia de que o 509º Grupo de Bombardeiros da então Força Aérea do Exército dos EUA havia tomado posse dos destroços de um disco voador: RAAF [Roswell Army Air Field, Aeródromo Militar de Roswell] captura disco voador em rancho na região de Roswell, era o título da manchete.
A notícia causou rebuliço na cidade, mas já no dia seguinte o jornal desmentia a história: A notícia sobre os discos voadores perde o interesse. O disco do Novo México é apenas um balão meteorológico.
Os destroços haviam sido encontrados originalmente por um fazendeiro chamado William "Mac" Brazel, que deu uma entrevista ao Roswell Daily Record contando como foi o achado, publicada no dia 9 de julho. Ele disse que no dia 14 de junho, enquanto andava a cavalo com o seu filho Vernon de 8 anos, deparou-se a cerca de 12 quilômetros do rancho em que vivia com uma série de destroços. Acostumado a encontrar restos de balões meteorológicos, não lhes deu importância de início, só vindo a recolher o material no feriado do 4 de Julho, juntamente com a sua mulher e a sua filha Bessie de 14 anos. Nesse mesmo dia ele contou a sua história aos vizinhos Floyd e Loretta Proctor, que o informaram que alguns jornais ofereciam até 3.000 dólares por uma prova dos chamados “discos voadores”, assunto que estava causando furor na imprensa devido às declarações do piloto Kenneth Arnold feitas um mês antes.
Arnold relatou que, ao sobrevoar o Oregon, avistou o que seriam aeronaves voando em formação, e descreveu o seu movimento como o de pedras ou discos deslizando na superfície de um lago. A imprensa logo cunhou o termo “disco voador”, excitando as imaginações, o que estimulou quase mil relatos de avistamentos de ufos nas semanas seguintes (hoje acredita-se que o que Arnold viu foram na verdade pássaros migrando).
Em 7 de julho de 1947 Brazel dirigiu-se até delegacia do xerife George Wilcox, no condado de Chavez, informando-o de que teria talvez encontrado os restos de um disco voador. O xerife telefonou para a base aérea de Roswell, que enviou o Major Jesse Marcel, do 509º Grupo de Bombardeiros, juntamente com o Capitão Sheridan Cavitt, para analisarem os destroços.
Major Marcel recolheu o material e o transportou para a base de Fort Worth. Enquanto isso a história se espalhou, dando origem à manchete do Roswell Daily Record do dia 8. No dia seguinte o Exército tratou de desmentir a versão do disco voador, afirmando que os destroços encontrados eram de um balão meteorológico.

Os mitos de Roswell
A história do disco acidentado jazia esquecida até 1978, quando o físico nuclear Stanton Terry Friedman ouviu falar deJesse Marcel, sobre quem pairavam rumores de já ter tocado um disco voador. Friedman o procurou. Inicialmente as informações de Marcel eram escassas demais para serem de alguma utilidade a Friedman, mas aos poucos ele e outros pesquisadores foram obtendo mais informações e descobrindo outras testemunhas. Enquanto isso, Friedman conseguiu que uma entrevista com Marcel fosse publicada no tablóide National Enquirer, onde Marcel afirmava que nunca tinha visto nada como o material encontrado em Roswell, que acreditava ser de origem extraterrestre. Assim o assunto Roswell voltou às manchetes e Marcel virou uma celebridade no mundo da ovniologia.
Baseando-se em relatos de diversas testemunhas descobertas a partir da volta do Caso Roswell às manchetes, pesquisadores publicaram os primeiros livros defendendo a tese de que os destroços de 1947 eram de uma nave alienígena. São exemplos The Roswell Incident (1980), de Charles Berlitz e William Moore; UFO crash at Roswell(1991) e The truth about the UFO crash at Roswell (1994), de Kevin Randle e Donald Schmitt e Crash at Corona, de Don Berliner e Stanton Terry Friedman (1997).
Ainda que divergissem alguns detalhes, as teorias apresentadas nesses livros seguiam a mesma lógica básica. Os destroços encontrados em Roswell seriam de uma nave alienígena que, por algum motivo desconhecido, teria se acidentado. Ao identificarem os destroços, os militares americanos teriam iniciado uma campanha de desinformação para acobertar a verdadeira origem do material, apresentando a versão oficial de que seriam restos de um balão meteorológico. O material teria sido na verdade encaminhado para análise em instalações secretas de pesquisa e escondido do público.
Variações encontradas nas teorias incluem os locais onde teriam sido encontrados destroços, o número de naves que teriam se acidentado, a quantidade de destroços encontrados, a existência ou não de corpos de alienígenas e seu número, bem como a descrição dos materiais.
Stanton Friedman publicou mais tarde, no livro Top Secret/Majic, o que seriam evidências documentais da existência de um grupo governamental clandestino dedicado exclusivamente a acobertar o incidente de Roswell. Este grupo, constituído por doze pessoas e chamado de “Majestic 12”, coordenaria todos os estudos secretos sobre os destroços e os corpos de alienígenas recuperados. Infelizmente para Friedman, investigações do FBI e uma análise independente de Joe Nickell, proeminente investigador cético de fenômenos paranormais, provaram que os documentos são completamente falsos. Uma das maiores evidências disso é que foi encontrada uma carta original do Presidente Harry Truman, de 1 de outubro de 1947, cuja assinatura foi fotocopiada e reproduzida pelo(s) falsário(s) nos documentos MJ-12.


Os documentos oficiais

Em 1994, Steven Schifft, congressista do Novo México, pediu à GAO (General Accounting Office – Escritório Geral deAuditoria) que buscasse a documentação referente ao Caso Roswell. Quando a USAF recebeu a petição da GAO, publicou dois relatórios conclusivos sobre o caso: o primeiro, de 25 páginas, intitulado O relatório Roswell: a verdade diante da ficção no deserto do Novo México, foi publicado ainda em 1994 e se concentra na origem dos destroços encontrados. Já o segundo, publicado três anos depois e denominado O incidente de Roswell: caso encerrado, aborda os relatos de corpos de alienígenas.
No primeiro relatório a USAF afirmava que os restos encontrados eram de balões do Projeto Mogul, altamente secreto, projetado para detectar possíveis testes nucleares soviéticos (o primeiro teste nuclear soviético só aconteceria em 1949). Para isso, detectores acústicos de baixa freqüência eram colocados em balões lançados a altas altitudes. Outros pesquisadores também chegaram, de forma independente, à relação entre Roswell e o Projeto Mogul: Robert Todd e Karl Pflock, autores de Roswell: Inconvenient Facts and the Will to Believe.
Os pesquisadores do Projeto Mogul ainda vivos por ocasião da investigação foram entrevistados, em especial o professor Charles B. Moore, que era o engenheiro-chefe do projeto. Inicialmente baseados na Universidade de Nova Iorque, os pesquisadores se mudaram para a base de Alamogordo, Novo México, de onde os balões eram lançados. O equipamento utilizado para pesquisas era carregado por uma série de balões (inicialmente de neopreno e mais tarde de polietileno) conectados entre si. Pendurado à série de balões ia um alvo de radar - uma estrutura multifacetada de compensado recoberto com papel alumínio - utilizada para rastrear os balões após o lançamento.
A partir dos registros ainda disponíveis sobre o projeto, concluiu-se que os destroços encontrados em Roswell seriam provavelmente do quarto vôo, ocorrido em 4 de junho de 1947. Este vôo consistia em cerca de vinte e um balões meteorológicos de neoprene ligados entre si, um microfone sonda, explosivos para regular a altitude do aparelho, interruptores de pressão, baterias, anéis de lançamento e de alumínio, três pára-quedas de pergaminho reforçado de cor vermelha ou laranja e três alvos refletores de radar de um modelo não normalmente usado no continente dos Estados Unidos.
De acordo com o diário do Dr. Crary, um dos responsáveis do projeto, o vôo NYU 4 foi acompanhado pelo radar até que desapareceu a cerca 27 quilômetros de distância do Rancho Foster. As cartas meteorológicas da época demonstram, contudo, que de acordo com os ventos prevalecentes de então, os balões podem ter sido levados exatamente para o local onde Mac Brazel os encontrou dez dias depois.


Já no relatório de 1997, a Força Aérea dos Estados Unidos afirmou que os estranhos corpos descritos por algumas das testemunhas eram na verdade bonecos de teste do Projeto High Dive. Concluiu-se que: diversas atividades da Força Aérea ocorridas ao longo de vários anos foram misturadas pelas testemunhas, que as lembraram erroneamente como tendo ocorrido em julho de 1947; os supostos corpos de alienígenas observados no Novo México se tratavam na verdade de bonecos de testes carregados por balões de alta altitude; as atividades militares suspeitas observadas na área eram as operações de lançamento e recuperação dos balões e dos bonecos de testes; e que os relatos envolvendo alienígenas mortos no hospital da base de Roswell provavelmente se originaram da combinação de dois acidentes, cujos feridos foram para aí transportados (a queda de um avião KC-97 em 1956, no qual onze militares morreram, e um incidente com um balão tripulado em 1959 em que dois pilotos ficaram feridos).
Atualmente, bonecos de testes são amplamente conhecidos pelo público em geral (principalmente por causa de seu uso em testes de segurança de automóveis), mas na década de 1950 eles eram desconhecidos fora dos círculos da pesquisa científica. No entanto, na década de 1920, a Força Aérea Americana já lançava esses bonecos de aviões como forma de testar modelos de pára-quedas. Na década de 1940 eles foram usados para testar assentos de ejeção para caças (que haviam sido inventados pelos alemães). E na década de 1950, eles estavam sendo lançados de balões a alta altitude como parte do desenvolvimento de cápsulas de escape para os futuros veículos espaciais.
Entre junho de 1954 e fevereiro de 1959, sessenta e sete bonecos foram lançados de balões na região do Novo México, sendo que a maioria caiu fora dos limites das bases militares. Os bonecos eram transportados em grandes caixas de madeira, semelhantes a caixões, para evitar danos aos sensores montados em seu interior. Pelo mesmo motivo, quando retirados das caixas ou após recuperados no campo, os bonecos eram normalmente transportados dentro de sacos plásticos em macas. Em alguns lançamentos, os bonecos vestiam uma roupa de alumínio que protegia os sensores das baixas temperaturas das altas altitudes. Todos estes fatos, além de sua aparência, provavelmente contribuíram para sua identificação como corpos de alienígenas.


Encerramento do caso
Toda a discussão sobre o que aconteceu em Roswell gira em torno de informações obtidas de testemunhas. Estas testemunhas guardaram suas histórias por décadas, só aparecendo após o assunto receber destaque na imprensa e, em alguns casos, apenas repassavam relatos ouvidos de terceiros. O longo espaço de tempo entre o incidente e os relatos inevitavelmente diminuiu a sua exatidão e algumas testemunhas, como os filhos de Mac Brazel e do Major Jesse Marcel, eram crianças na época. Como todos os depoimentos e contradições foram explicados, o caso pode ser considerado finalmente encerrado.


Controvérsias
Com tudo que foi falado acima, os ufólogos e especialistas duvidam dos documentos apresentados, pois   apresentam muitas falhas. Por exemplo o depoimento de Jesse Marcel, que disse que foi obrigado a tirar fotos ao lado de um balão meteorológico em pedaços e que os destroços que achou não foram aqueles. Fora isso junta-se o fato de avistamentos de luzes nos dias anteriores a queda e as estranhas inscrições nos destroços. Não podemos dar o caso por encerrado, pois ainda tem muitas coisas a serem ditas que só vamos descobrir a resposta quando o exército resolver mostrar a verdade.



terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Continuação - Fórmulas cabalísticas no Batistério de San Giovanni

Fórmulas cabalísticas no Batistério de San Giovanni

Batistério de San Giovanni (São Jão), padroeiro de Florença, é considerado o edifício mais antigo desta cidade sendo famoso pelas suas magníficas portas de bronze. Fica na Piazza del Duomo, a oeste da igreja de Santa Maria del Fiore.
Consta que esta igreja foi construída no lugar onde havia um templo romano dedicado ao deus Marte, sendo incerta a data da sua fundação: possivelmente no IV-V século d.C., sendo aumentado no século VII durante o domínio lombardo após a conversão ao Cristianismo da rainha Teodolinda. A primeira citação documentada a este edifício data do ano 897, apontando a “basílica de San Giovanni Battista” (São João Baptista), a qual o Papa florentino Nicolau II reconsagrou em 1059, então catedral desta cidade, tornando-se oficialmente o Batistério de Florença a partir de 1128.
Herdando nas suas formas a tradição da geometria sagrada possuída pelos primitivos colégios de arquitectos e artífices romanos – collegiam fabrorum – que viriam a estar na origem da arte românica e depois a gótica, o Batistério é um edifício de planta octogonal com um diâmetro de 25,60 metros, e cujo significado associa-o de imediato ao sacramento do baptismo. Com efeito, na Idade Média as pias baptismais tinham frequentemente a base de forma octogonal, ou eram erigidas sobre uma rotunda de oito pilares. Para Santo Ambrósio, a forma octogonal simbolizava a ressusrreição, por o octógono evocar a vida eterna que se alcançava ao imergir o neófito nas águas das pias baptismais, obtendo o estado de graça. Os ritos do baptismo cristão incluem dois gestos ou fases de notável alcance simbólico: a imersão e a emersão. A imersão, hoje reduzida à aspersão, indica o desaparecimento do ser pecador nas águas da morte, a purificação através da água lustral, o retorno do ser à fonte de origem da vida. A emersão revela a aparição do ser em estado de graça, purificado, reconciliado com a fonte divina de vida nova. A pia baptismal medieval ocupava o centro deste espaço e era feita de mármore tendo à volta os signos do Zodíaco, além de estar decorada com motivos geométricos orientais, dizendo-se que a sua feitura fora inspirada na Divina Comédia de Dante Alighieri. Essa pia foi modificada em 1576 pelo artífice Bernardo Buontaleni a mando de Francisco I de Médici, e é a que hoje se pode ver.

Planta do Batistério
É assim que este Batistério octogonal representa o oitavo dia (octava dies), o tempo da Ascensão de Cristo, tal qual o neófito ascende ou se torna parte reconhecida do corpo místico de fiéis da Igreja pelo sacramento do baptismo. Para reforçar este sentido sacramental, em 1150 foi adicionada ao tecto do pavilhão uma lanterna octogonal.
De maneira a reflectir todo o universo espiritual e assim mesmo conter no seu interior a teologia do Céu, Purgatório e Inferno – inspiração danteana – a partir de 1270 a cúpula do Batistério foi revestida a mosaico com fundo dourado, e decorada com oito segmentos em octógono numa série de 6, numa perfeita disposição cabalística donde sobressai o número 48 (8×6), que Rábano Mauro (784-856), abade de Fulda, Germânia, dá como o número dos profetas bíblicos, dos ministérios divinos e das revelações espirituais. No topo deste esquema retrata-se a Hierarquia dos Anjos, a seguir a representação do Juízo Final, dominado pela grande figura do Cristo, e aos seus pés a ressurreição dos mortos, estando à sua direita os justos recebidos no Céu pelos patriarcas bíblicos, e à sua esquerda está o Inferno com os demónios e pecadores.


Para que houvesse por onde passar simbolicamente à salvação divina, foram construídas três portas de bronze: a Porta Sul obra de Andrea Pisano finalizada em 1336; a Porta Norte obra de Lorenzo Ghiberti finalizada em 1422, tendo em 1425 iniciado a execução da Porta Leste. Três portais reflectindo as Três Pessoas da Santíssima Trindade e igualmente os Novo e Antigos Testamentos cujo intermediário entre os antigos Patriarcas e os novos Apóstolos foi S. João Baptista.
Cada uma dessas portas foi concebida segundo um jogo numérico cabalístico. É assim que a Porta Sul consiste em 28 painéis quadrangulares representando cenas da vida de S. João Baptista e as virtudes, estando dispostos em filas de 7 verticais por 4 horizontais, enquadrados por uma moldura em losango lobado (também conhecida como “compasso gótico”). Os primeiros 20 painéis narram episódios da vida do Baptista, começando na ala esquerda (1-10) e depois ao longo da direita (11-20), seguindo-se as personificações das três virtudes teologais (21-23), Esperança – Fé – Caridade, com a adição da Humildade (24), e por fim as virtudes cardeais (25-28), Fortaleza – Temperança – Justiça – Prudência.

Na Porta Norte são novamente 28 painéis, agora com cenas do Novo Testamento, mostrando as duas últimas fileiras 8 santos: S. João, S. Mateus, S. Lucas, São Marcos (Apóstolos sinópticos), St.º Ambósio, S. Jerónimo, S. Gregório, St.º Agostinho (Doutores da Igreja). Antonio Paolucci descreveu esta Porta Norte como “o mais importante evento da História da Arte de Florença no primeiro quartel do século XV”. O significado cabalístico do valor 28 é o de reflexão, tal qual como a Lua em seu ciclo de 28 dias reflecte a luz do Sol, e essa reflexão é aqui a do devoto contemplando as figuras das portas para que apreenda o seu sentido último, conscientiza as virtudes que retratam e assim puder transpô-las rumo à perfeição do Paraíso.
A Porta Leste constitui-se de 10 painéis com cenas do Velho Testamento, tendo sido utilizada a nova técnica da perspectiva para que eles adquirissem profundidade, adquirindo um valor artístico próprio até então desconhecido. Michelangelo referiu-se a esta como a Porta do Paraíso, nome que permanece até hoje.

Florença oculta (de Dante aos Templários, Alquimistas e Maçons)

                                     

Dante Alighieri (Florença, 1.6.1265 – Ravenna, 13 ou 14.9.1321) foi o escritor e político considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana, definido como il sommo poeta (“o sumo poeta”).
O seu nome, segundo o testemunho do seu filho Jacopo Alighieri, era um hipocorístico de “Durante”, seguido nos documentos do patronímico “Alagherii”, ou do gentílico “de Alagheriis”, enquanto a variante “Alighieri” afirmou-se com o advento de Boccaccio.
Tendo vivido numa época fortemente marcada pela decadência militar da Ordem dos Templários no Ultramar e sobretudo pela perseguição, prisão, condenação e abolição dos mesmos cavaleiros monges pelo rei de França, Filipe IV, manipulando o papa Clemente V, esses factos marcaram fortemente Dante que, possuído dum bom senso de justiça e sabedor como todo o mundo civilizado do carácter ambíguo o monarca francês, revoltou-se contra essas injustiças, denunciou-as junto do poder político e até mesmo terá marcado presença política num episódio turbulento ocorrido em Florença com o papa Bonifácio VIII: em 1302 Filipe IV convocou Estados Gerais para acusar o sumo pontífice de heresia, e em 1303 enviou um grupo armado a Florença, ao Palácio de Anagni, onde reteve o papa prisioneiro por três dias, até que a Guarda Papal, os Templários apoiados pela burguesia local, em cujo número possivelmente se contaria Dante, libertaram Bonifácio VIII, que viria a falecer um mês depois por causas pouco explicadas, chegando até a levantar a suspeita de não terem sido naturais e sim por envenenamento, portanto, assassinado.
O facto é que praticamente Filipe IV apoiou a nomeação imediata de Clemente V e rapidamente começou a perseguir os Templários até conseguir acabar com a Ordem. Tudo isso revoltou Dante, amigo do Templo florentino que inclusive fizera parte de uma embaixada que em 1307 foi a Roma junto do papa reclamar debalde a inocência dos Templários.
Dante teria conhecimento privilegiado do ideal religioso e social dos Templários com quem teria privado na sua sede florentina em San Jacopo, no Campo Corbolini, sendo atribuída a eles a construção primitiva da igreja da igreja de San Jacopo Sopr´Arno. O ideal de perfeição espiritual e justiça temporal que os Templários pretenderiam transmitir à cristandade em particular e à sociedade em geral, abruptamente interrompido pelo vício da ganância humana, era divulgado pela poesia e canto, prosa e trova da Confraria dos Trovadores, homens de livre pensamento, dotados de capacidades artísticas, que eram adeptos da Filosofia do Amor espiritual constantemente opondo-o ao domínio da Roma temporal. Por isso eram chamados Fidelli d´Amore (“Fiéis do Amor”). Dante contava-se entre estes.
A Confraria dos Trovadores e Jograis estava espalhada por toda a Europa e os primeiros ecos da existência da mesma aparecem na poesia dos séculos X-XI composta de louvores à Mãe de Deus e bendizendo da Humanidade. No seu papel de vates e bardos, os Trovadores, por meio dos seus cantos amorosos e satíricos, espalharam muitas verdades iniciáticas seguindo as ordens recebidas dos grandes Mestres Espirituais que dirigiam a sua acção. Eles eram, por assim dizer, os “correios” ou “porta-vozes” entre os Iniciados europeus e as respectivas Ordens Iniciáticas da época, havendo nisto uma relação profunda e indivisível entre eles e o Espiritual do Templo.
Quando, nos séculos XIII e XIV, Dante testemunhou impotente a extinção sangrenta da Ordem dos Templários, revoltado quis deixar aos vindouros as crónicas das verdadeiras e imaculadas intenções do Templo. E fê-lo de forma magistral em obra que marca para sempre a literatura universal: La Divina Commedia (A Divina Comédia)

                                           

Primeiro que tudo, como revolta contra Roma, em oposição aberta ao latim como língua dominante, Dante Alighieri escreveu A Divina Comédia no seu dialecto local: o toscano (muito aproximado do que hoje é conhecido com língua italiana ou língua vulgar), considerando-o como o mais elevado tipo de expressão e o dialecto padrão do italiano. É o primeiro sinal do seu apartamento de Roma e aproximamento do Amor concebido como a mais alta e divina Sabedoria.
A Divina Comédia (não por ser engraçada mas porque termina bem para os seus personagens, no Céu) está estruturada em 100 cantos, totalizando 14.233 versos. Cada uma das suas três partes (CéuPurgatório e Inferno) apresenta 33 cantos com cerca de 40 a 50 tercetos. O Inferno conta, ainda, com um canto introdutório, formando o número 100, múltiplo de 10, número simbólico da Perfeição Absoluta (100 = a Perfeição do Perfeito) marcada pelos 100 Nomes de Deus no Islão, por exemplo. Cada canto é composto de 130 a 140 versos em terça rima (versos repartidos em grupos de três). Na harmonia com os números 3, 7, 10 e seus múltiplos, aparecem os indícios de forte simbolismo da cultura medieval ou da devoção do autor à Santíssima Trindade, tal qual os Templários também era devotos da mesma. Essa harmonia determina a métrica adoptada, com versos hendecassílabos (11 sílabas) e rimas no esquema ABA, BCB, CDC, VZV (o verso central rima com os 1.º e 3.º do grupo seguinte). Esta estrutura deu origem ao chamado Terceto Dantesco, assim denominado por ter sido Dante o primeiro a empregá-la. Os três livros rimam no último verso, pois terminam com a mesma palavra: Stella, “Estrela”, significando que estão postos sob o padroado da Mãe Divina, a quem a ladainha mariana aclama como Stella Maris.
Obra começada a escrever na primeira década do século XIV, o primeiro livro de A Divina Comédia é o Inferno, que Dante descreve como nove círculos de sofrimento, três vales, dez fossos e quatro esferas, localizando-os no interior da Terra, não física mas psíquica onde as ideias e imagens dantescas que o Homem criou em vida vive-as após a morte. Significativamente, no oitavo círculo a que chama Maleboge (“Fraude”), Dante instala aí dois papas: Bonifácio VIII, prevendo a sua condenação por simonia ou venda de “favores divinos”, e Clemente V, um papa ainda mais corrupto.
Segue-se o Purgatório, que Dante dispõe como espaço intermediário entre o Inferno e o Paraíso e localiza na porção austral, sul, do planeta, onde existe uma única ilha com uma montanha composta por sete círculos ascendentes, reservados àqueles que se arrependeram em vida dos seus pecados e estão em processo de expiação dos mesmos. Quem guia Dante através do Inferno e do Purgatório é a alma imortal do poeta Virgílio.
No fim do Purgatório, Dante despede-se de Virgílio por este não ter acesso ao Paraíso. Começa a seguir o terceiro livro: Paraíso. Este é retratado como um conjunto de esferas concêntricas que cercam a Terra, sendo a Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno, as Estrelas Fixas, o Primum Mobile e o Empíreo, ao todo, dez céus. A partir do terceiro céu São Bernardo de Claraval – o Pai ou Mentor espiritual da Ordem dos Templários – aparece a guiar Dante através dos vários mundos celestes. É esse Santo quem mostra a visão de Deus a Dante, revelado como três círculos concêntricos, e quem intercede junto à Virgem Maria para que Ela inscreva Dante no número dos eleitos celestes. No céu mais elevado, o poeta encontra Beatriz, a sua Alma amada, expressão da Graça Divina, e tem a visão de uma rosa branca com um triângulo no centro, expressão do Amor da Santíssima Trindade que, muito significativamente, os Fidelli d´Amore também adoptaram a rosa como seu símbolo. Através do Amor absoluto de Deus, Dante tem a experiência de unir-se com Ele e assim como todas as coisas, confessando no final da sua obra: “Mas já o meu desejo e vontade era ser transformado pelo Amor que move o Sol e as estrelas”.
 Tumba de Beatriz, a amada de Dante

A igreja de Santa Margarida de Florença, localizada à esquerda da via do Corso, é sobretudo famosa por estar nela o túmulo de Beatriz Portinari, a musa adorável dos amores de Dante. Por isto é que esta sede paroquial é mais conhecida como “igreja de Dante”, vizinha da Casa do mesmo.
Segundo o próprio Dante, ele conheceu Beatriz quando ainda era um jovem de 18 anos, apesar de a ter fixado na memória quando a viu pela primeira vez com nove anos de idade, tendo ela oito. Mas há quem diga que Dante só a viu uma vez e nunca falou com ela. Não há elementos biográficos que comprovem tudo isto.
Beatriz Portinari, em italiano Beatrice (Bice) Portinari, segundo as informações biográficas fornecidas exclusivamente por Dante na Vita Nuova, teria nascido entre 1265-66 e falecido em 8 de Junho de 1290. A tradição identifica-a à filha do banqueiro Folco Portinari, de Portico di Romagna, em cujo testamento, datado de 1287, deixou à filha uma avultada soma de dinheiro. Ela casou-se com o fidalgo florentino Simone de Bardi, teve seis filhas e viveu em Florença numa casa vizinha da de Dante. Fundou aquele que é hoje o hospital central de Florença, o Ospedale di Santa Maria Nuova.
                                            
Por sua caridade cristã, pelos encómios apologéticos que Dante Alighieri lhe transmite, esta sua musa ou alma gémea ficaria imortalizada em Florença como Beata Beatriz, e assim a pintou Gabriel Rossetti em 1864, num quadro em que lhe aparece a Pomba do Espírito Santo trazendo no bico uma rosa.
rosa era o distintivo dos Fidelli d´Amore, e como flor mística assinalava Maria a quem o Divino Espírito Santo se revelara. Era a flor da Iluminação espiritual, da Revelação ou Epifania e é por isto que na ladainha mariana se evoca a Rosa Mística.
No amor cortês ou galante dos séculos XII-XV, pela primeira vez desde os gnósticos dos séculos II e III, eram exaltadas a dignidade espiritual e a mais-valia religiosa da Mulher, sendo que muitos textos gnósticos exaltam a Mãe Divina bem como o “Silêncio místico”, o Espírito Santo, a Sabedoria Divina. A devoção à Virgem, que dominou essa época medieval, santificava indirectamente a Mulher. Mas Dante irá ainda mais longe: ele diviniza Beatriz. Proclama-a superior aos Anjos e aos Santos, imune ao pecado, quase ou mesmo comparável à Santa Virgem. Quando Beatriz está prestes a aparecer no Paraíso terrestre, alguém exclama: “Veni, sponsa, del Líbano” (Purgatório, XXX, 11), que é o famoso trecho do Cântico dos Cânticos (IV, oito) adoptado pela Igreja para louvar a Mãe Divina. Noutro passo (Purgatório, XXXIII, 10 s.), Beatriz aplica a si própria as palavras de Cristo: “Um pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis” (João, 16, 16). Aparte a Virgem Maria, não se conhece outro exemplo tão esplêndido da divinização de uma mulher. Evidentemente, Beatriz representava a Sabedoria e, portanto, o Mistério da Salvação. É assim que Dante, através das três viagens iniciáticas pelo Inferno, Purgatório e Céu, propõe Beatriz, idealização do Eterno Feminino, como um meio privilegiado de comunicação de uma Metafísica destinada a despertar e salvar o Homem.
A função soteriológica ou da salvação da alma humana pelo Amor e a Mulher portadora do mesmo, sendo proclamada pelo movimento “literário” dos Fidelli d´Amore, comportava sobretudo uma gnose ocultada e uma estrutura iniciática, como se apercebe na Vita Nuova (“Vida Nova”) que Dante dedicou à mesma Beatriz.
Nessa obra, escrita entre 1292 e 1293, é apresentada a Iniciação pelo Amor espiritual, apresentando a Mulher como símbolo do Intellectus illuminatio, da Mente transcendente, da Sabedoria de Deus destinada a despertar o mundo cristão da letargia em que mergulhara por causa das indignidades espirituais papais. É assim que nos escritos medievais dos Fidelli d´Amore acham-se alusões a uma “viúva que não é viúva”: é a Madonna Intelligenza, que foi convertida em viúva porque o seu esposo, o papa, morreu para a vida espiritual ao dedicar-se por completo aos assuntos e corrupções temporais.
O culto da “Mulher única” e a Iniciação no Mistério do Amor, faziam dos Fiéis do Amorum Milícia espiritual secreta que utilizava uma “linguagem oculta” (parlar cruz, “falar cruzado ou encriptado”), para que a sua doutrina não fosse acessível “a gente grossa” (grosseira, profana), como afirma Francesco da Barberino (1264-1348), um dos seus membros mais ilustres, adiantando um outro Fidelli d´Amore, Jacques de Baisieux, que “não se devem revelar os conselhos do Amor, e sim guardá-los com muito cuidado”. Espalhados por toda a Europa e ligados aos Trovadores e Jograis, os Fiéis do Amor expressavam o ideal do Eterno Feminino como Dom supremo do Espírito Santo a quem chamavam Santo Amor e sendo a hipertúlia ou difusão do culto mariano a sua maneira de afirmarem a presença do Paráclito ou “Consolador” entre os povos aonde chegavam e se instalavam, não havendo corte real que não lhes abrisse as portas para logo depois aparecerem também elas convertidas em “cortes de amor”, como aconteceu com Afonso X, o Sábio, de Leão e Castela, e D. Dinis, o Rei Trovador, de Portugal.
Não se tratava, propriamente, de um movimento herético, mas de uma agremiação de livres-pensadores, escritores e artistas que contestava a corrupção na Igreja e não reconhecia aos papas o prestígio de chefes espirituais da Cristandade, contestação cerrada que aumentou consideravelmente depois do extermínio sangrento da Ordem dos Templários, perpetrada pelo rei de França, Filipe IV, e seu “capataz” o papa Clemente V. De resto, desde o século XII que os segredos e a arte de os encobrir impõem-se em meios muito diversos, sabendo-se que tanto os enamorados como as seitas religiosas têm a sua linguagem secreta, e até hoje os membros de pequenos círculos esotéricos dão-se a conhecer através de sinais e símbolos, cores e senhas.
Aparte as contingências biográficas imediatas, Beatriz é para a lírica de Dante sobretudo o símbolo da Mulher Perfeita, da Graça Divina como a Alma amorosa garante da sua imortalidade espiritual. Pragmática de um caminho de purificação mística a seguir, Beatriz representa o despertar interior de Dante depois do seu desterro, da sua purificação em que teve de peregrinar por muitas e tortuosas sendas como viajante perdido até encontrar-se consigo mesmo, com a sua Alma imortal, ou seja, Beatriz.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Dimensões

O mundo está mudando.
Estamos passando de um planeta de terceira dimensão para quinta dimensão.
É muito difícil compreender isso, porque é algo completamente novo para nós. Vocês devem ter visto muita informação sobre isso em sites sobre espiritualidade, mas às vezes, toda essa informação nos deixa mais confusos que conscientes.
Vou tentar descrever o que são essas dimensões da maneira como eu consigo entender.
O processo evolutivo compreende passarmos por múltiplas dimensões. A vida não é simplesmente isso que acontece entre o nosso nascimento e a nossa morte. Isso é apenas uma etapa de um movimento contínuo e infinito.

Assim, nós passamos por diversas dimensões nesse processo evolutivo. Imagine uma folha de papel à sua frente. Se quiser, pode tentar desenhar ou brincar com o papel.
A primeira dimensão é o ponto. É uma realidade onde não existe movimento. Tudo é estático. Desenhe um ponto no papel. Ele é apenas isso. Não se movimenta para nenhum lado.

A segunda dimensão é a evolução do ponto para a bidimensionalidade. Esse ponto pode se movimentar para os lados. Então, você pode desenhar linhas e curvas e formas para todos os lados, dentro do plano da folha.

A terceira dimensão é a evolução da bidimensionalidade. Essas formas que você desenhou, podem sair do espaço físico da folha. Elas sobem para um plano acima da folha. Pense numa impressora 3D. Essa é a diferença entre a segunda e a terceira dimensão. Você pode criar formas que possuem corpo. O triângulo está na 2D e a pirâmide está na 3D. O círculo está na 2D e a esfera está na 3D. O quadrado está na 2D e o cubo está na 3D. Esse corpo pode existir em qualquer forma. E é essa a realidade que vivemos hoje. Enxergamos as coisas como realidade física. Com forma, com corpo.

Na segunda e na terceira dimensão, essas formas precisam de espaço e precisam do tempo. O tempo é o elemento que permite a materialização. É o tempo preciso para dar forma ao que existe em pensamento. É o tempo da construção, do nascimento, da criação.
Na terceira dimensão, a noção de tempo é ainda mais forte, porque as coisas demoram mais para tomar forma. Um bebê leva tempo para nascer, uma árvore leva tempo para dar frutos, uma flor leva tempo para abrir. Os exemplos são muitos. Tudo o que acontece na realidade de terceira dimensão leva tempo.
Quando você remove o tempo, você cria uma realidade de quarta dimensão. A quarta dimensão é a realidade sem tempo. Pode ser difícil de compreender isso, assim como é difícil para a realidade 3D ser compreendida por quem está na realidade 2D. Tente explicar a pirâmide para o triângulo.

Na quarta dimensão, você comprime o tempo, então é como se você não levasse tempo algum para se mover de um lugar a outro. É o que acontece no pensamento. Você pode fechar os olhos e imaginar que está no Egito e logo na sequência, imaginar que está no Japão. Você não precisou de tempo para sair do pensamento no Egito para o Japão. Na realidade física de terceira dimensão, isso levaria algumas horas.
Na quinta dimensão remove-se o espaço. Quando você remove o espaço, você acaba com a separação entre as formas e as coisas. Tudo se une. Tudo passa a ser uma coisa só. Todas as coisas estão conectadas.
É essa consciência que estamos desenvolvendo agora. A Terra está deixando de ser um planeta de terceira dimensão para ser um planeta de quinta dimensão. Essa consciência já está atuando sobre nós. Assim, começamos a entender que somos todos um só. Que somos parte do todo. Que apesar de estarmos separados na realidade de terceira dimensão, numa consciência superior, estamos completamente conectados.
Essa consciência nos faz repensar toda a forma como nos relacionamos até agora. Deixamos de ver o outro como inimigo, deixamos de nos separar, não faz sentido fazermos mal e querermos o mal do outro. Porque o outro é parte de você. O seu braço direito não quer o mal do seu braço esquerdo. Eles são parte do todo que é o seu corpo, apesar de estarem separados.
É exatamente isso que acontece conosco hoje. Estamos separados. Mas somos parte do todo.
Mas afinal, estamos passando da terceira para a quinta dimensão? E a quarta? Talvez você esteja com essa dúvida.
A quarta dimensão é apenas uma ponte para se chegar a quinta. Elas atuam juntas. Você precisa remover o tempo para se remover o espaço.
O que está acontecendo nesse momento é incrível. Talvez você não acredite em nada do que escrevi aqui. Você não precisa acreditar, já está acontecendo.
E talvez tudo isso tenha ressoado em você. Essa mudança explica muito do que está acontecendo no mundo hoje. Essa mudança de consciência exige uma mudança nas estruturas e nas instituições. Todas as nossas instituições são baseadas na consciência de terceira dimensão. E agora precisamos mudar tudo. Precisamos adaptar tudo para uma consciência de quinta dimensão.
Você escolheu estar aqui nesse momento de transição. Você escolheu vir aqui para presenciar tudo isso e ajudar nessa transformação.
A Terra está ascensionando. É incrível. E você é parte disso.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Três textos da antiguidade que detonam a história, tal como a aprendemos



Três textos da antiguidade que detonam a história, tal como a aprendemos





Dizem que alguns destes textos antigos quebram as crenças e dogmas da corrente principal que foram considerados como fundações sólidas da sociedade moderna.
Neste artigo, olhamos a três manuscritos que são extraordinários em todos os aspectos e podem estraçalhar com a história tal qual nos foi passada.
A Bíblia Kolbrin de 3.600 anos
Ela é considerada por muitos como o primeiro livro Judaico/Cristão, o qual expõem a compreensão da evolução humana, o criacionismo e o projeto inteligente. Os princípios matemáticos do Kolbrin refletem o interesse dos druidas antigos na astronomia e matemática, e fala de cataclismos globais do passado.
Trata-se de um texto antigo que, de acordo com muitos estudiosos, data de 3,600 anos, mas poderia ser muito mais velho. Os estudiosos acreditam que este antigo manuscrito tenha sido escrito na mesma época que o Velho Testamento foi composto.
Bíblia Kolbrin foi escrita por vários autores. Este texto antigo é feito de duas partes que perfazem um total de 11 livros antigos.
Curiosamente, acredita-se que estes textos antigos descrevem a história da criação humana e mencionam a existência de várias civilizações antigas que existiram na Terra antes da criação de Adão e Eva.
Algumas pessoas categorizaram a Bíblia Kolbrin como a primeira ‘Bíblia’ antediluviana. O texto antigo descreve – entre outras coisas – os Anjos Caídos.

O Livro de Enoque
Desde sua descoberta, o Livro de Enoque tem sido considerado um dos textos antigos mais controversos do planeta.  O Livro de Enoque é uma manuscrito judaico religioso antigo que é traçado até Enoque, o bisavô de Noé. O Livro de Enoque é considerado por muitos estudiosos como uma das escritas apócrifas não canônicas mais influentes. Acredita-se que ele tenha influenciado grandemente as crenças cristãs.
Este texto da antiguidade (a primeira parte) descreve o legado dos ‘Observadores’, anjos ancestrais dos Nefilins (gigantes que habitaram a Terra).
O livro consiste de cinco importantes seções:
  • O Livro dos Observadores (1 Enoque 1-36)
  • O Livro das Parábolas de Enoque (1 Enoque 37-71)(também chamado de Similitudes de Enoque)
  • O Livro Astronômico (1 Enoque 72082)(também chamado de o Livro dos Corpos Luminosos Celestes ou Livro dos Corpos Luminosos)
  • O Livro das Visões dos Sonhos (1 Enoque 83090)(também chamado de Livro dos Sonhos)
  • A Epístola de Enoque (1 Enoque 91-108)

O Livro de Gigantes
Este texto antigo, o qual acredita-se ter mais de 2,000 anos, prova – de acordo com muitos autores – que os antigos Nefilins eram seres reais e descreve como eles foram destruídos.
Ele foi descoberto várias décadas atrás nas Cavernas de Qumran, onde os pesquisadores encontraram os Pergaminhos do Mar Morto.  Especificamente, o Livro de Gigantes fala sobre as criaturas que habitavam o nosso planeta no passado distante, e como elas foram destruídas.
O Livro de Gigantes – que, a propósito está incompleto – oferece uma diferente perspectiva sobre os Nefilins.
De acordo com este texto antigo, os Gigantes – os Nefilins – ficaram cientes que devido aos seus modos violentos, eles encaravam uma destruição iminente.  Assim, eles pediram a Enoque para falar com Deus em seus nomes.

De forma geral, estes textos antigos indicam de forma veemente a existência de gigantes na antiguidade, os quais criaram o caos e destruição.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

TRÁFICO DE ÓRGÃOS

O estudante Roberto das Dores bem que desconfiou quando a loira de botas matadoras e seios saltitantes que ele havia acabado de conhecer sugeriu emendar a noite no motel. Mas achou que a oportunidade valia o risco. No quarto, aceitou um drinque antes de ir para a cama e, puf, tudo escureceu. 



Ele só voltou a si na manhã seguinte, dentro de uma banheira cheia de gelo, com cicatrizes no lugar que, outrora, recobria um de seus rins. A polícia localizaria os rins de Roberto três dias depois, guardados numa caixa de isopor ao lado do coração de Lúcia, que se perdera dos pais no shopping, e dos pulmões do órfão Pedrinho, adotado por um casal de estrangeiros. 

Roberto, Lucia e Pedrinho nunca existiram. Loiras - ou morenas, ou asiáticas, ou negras - apetitosas que roubam rins em motéis são tão irreais quanto traficantes de órgãos que sequestram crianças em shopping centers ou frequentam orfanatos do Terceiro Mundo. Um simples exercício de lógica mostra como essas teorias de conspiração são frágeis, mas vistosas, feito cenário de bangue-bangue. 

"Transplante não é um aborto que se possa fazer numa garagem", afirma o nefrologista - especialista em rins - Valter Duro Garcia, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). "É um procedimento complexo, que dificilmente poderia dar certo fora de um centro cirúrgico com uma equipe treinada de médicos e enfermeiros." 

Mesmo que um bilionário acometido de insuficiência renal resolvesse montar um hospital com mão-de-obra capacitada, o roubo de órgãos continuaria a não ser a melhor opção. Não haveria como saber se o estudante sedado no motel tinha sangue compatível com o do receptor. Assaltar cadáveres como os da foto que abre esta reportagem também não seria uma alternativa viável, já que, com exceção das córneas, a maioria dos órgãos torna-se imprestável assim que o coração para de bater.


                                                            AÇOUGUE HUMANO | De onde vêm e para onde vão os órgãos                                                             transplantados ilegalmente

Oculta sob lendas urbanas, a verdadeira cara do tráfico é tão espetacular quanto qualquer boato. Tome como exemplo uma investigação da Polícia Federal no Recife, realizada em dezembro de 2003. A Operação Bisturi revelou que uma quadrilha liderada por um militar israelense sobrevivente do Holocausto e um capitão reformado da Polícia Militar obteve rins de moradores da periferia da capital pernambucana. 



Em troca de cachês que começaram em US$ 10 mil e foram caindo até chegar a US$ 3 mil, os brasileiros iam a Durban, na África do Sul. Após uma semana de hospedagem num flat e mais alguns dias em ótimos hospitais, voltavam para o Brasil tendo deixado um de seus rins em corpos de israelenses ou norte-americanos. 

Os traficantes pretendiam abandonar a rota sul-africana e fixar-se no Brasil, utilizando um hospital do Recife para a realização de transplantes clandestinos, mas acabaram presos antes de levar o plano a cabo. A conexão Recife-Durban foi destaque na CPI do Tráfico de Órgãos realizada em 2004 na Câmara dos Deputados e evidenciou que o Brasil havia entrado de corpo(s) e alma no mercado negro internacional de órgãos. 

Não que o País fosse um novato nessa área. Dados do projeto Organs Watch, coordenado pela antropóloga Nancy Scheper-Hughes, pesquisadora da Universidade de Berkeley, na Califórnia, revelam que o Brasil coleciona histórias de roubo de órgãos e tecidos de cadáveres desde o regime militar. 

Produto legítimo da globalização, como o Google ou a Al Qaeda, o tráfico de órgãos é uma indústria que usa os corpos de pessoas pobres e saudáveis de países como Índia, China, Moldávia e Brasil como peças de reposição para ricos doentes de Israel, EUA, Europa, Japão. "Em geral, a circulação dos rins segue as rotas estabelecidas pelo capital, do sul para o norte, de corpos pobres para os ricos, de negros para brancos, de mulheres para homens ou de homens pobres para homens ricos", diz Nancy, que percorreu as principais rotas desse comércio, do Bazar de Órgãos de Mumbai, na Índia, às vielas das comunidades pernambucanas. 

Ao falar sobre o Brasil, Nancy aponta um problema: "Há aí doadores que vendem seus órgãos para supostos parentes". Especialistas suspeitam que a lei 9.434, de 1997, que disciplina os transplantes no País, tenha provocado um boom no mercado negro de compra e venda de rins ao liberar a doação entre pessoas sem parentesco. "A lei brasileira é permissiva. Em vez de proteger, fragiliza os mais pobres", diz o médico Volnei Garrafa, coordenador da Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília. 

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